Lia uma peça inglesa no banco de jardim habitual. Entre Risos e Sorrisos, chamamentos e despedidas, ouvia os sons sem perceber o seu sentido e a localização dos seus propagadores. Senti um puxão nas minhas jeans. Olhei por cima do meu pequeno livro e observei um miúdo que não teria mais de 4 anos. Era excessivamente magro, ostentava um rosto pálido e tímido, pintado com sardas, um cabelo castanho bem penteado e uns olhos orbitais enormes. Segurava nas mãos uma girafa feita de madeira e pintada com cores articuladas.
- Brinca Comigo! Suplica-me
Apanhado de surpresa, tentei mostrar-me indiferente. O miúdo pareceu não ficar incomodado, ajoelhou-se na relva e passeou a girafa pela savana improvisada. Não consegui desviar o olhar e continuei a observá-lo enquanto ele movia a girafa de uma forma gentil e empenhada. Vi-lhe um sorriso numa configuração facial bastante complexa e sensorial mas voltei a centrar a minha atenção nas páginas e “escrevi” um pensamento que variava entre a concentração e a estranheza.
-Quero que brinques comigo. Exigiu
A arrogância com que se dirigiu a mim, fez-me pousar o livro e olhá-lo de frente. O sorriso tinha-se desvanecido e deu lugar a lábios cerrados. O seu olhar era ameaçador e psicopático. Perante a minha incredibilidade voltou a levantar-se, pegou na girafa e atirou-a contra o chão. Entre estilhaços coloridos conseguia sentir o seu sentimento de satisfação. Recolheu cada pedaço do brinquedo e enterrou a sua memória. Ocorreu-me pensar em esquizofrenia. Só podia ser. A mudança súbita de comportamento não podia ter outra explicação possível. Senti novo puxão na parte de trás da minha camisola. E olhei para trás….
-Eu não fiquei triste por não brincares comigo. Ouvi uma voz leve
Olhei para trás e vi outro miúdo igual ao que havia enterrado a girafa. Voltei a olhar para a frente e lá estava ele. Eram dois. Senti-me ridículo e ingénuo. Porque não tinha pensado nisso? Brincavam agora os dois em harmonia à minha frente. Estranhei a alteração de comportamento do miúdo que tinha sido desagradável alguns minutos antes. Reparei que a sepultura da girafa tinha desaparecido, e o brinquedo reapareceu ali inteiro como se tivesse sido reconstruído num espaço invisível. Brincaram horas e depois foram-me embora correndo pelo jardim fora, rumando ao sol posto como se fossem apenas um. Fez-se dia, e depois noite, num tempo limitado, num espaço complicado.
- Brinca Comigo! Suplica-me
Apanhado de surpresa, tentei mostrar-me indiferente. O miúdo pareceu não ficar incomodado, ajoelhou-se na relva e passeou a girafa pela savana improvisada. Não consegui desviar o olhar e continuei a observá-lo enquanto ele movia a girafa de uma forma gentil e empenhada. Vi-lhe um sorriso numa configuração facial bastante complexa e sensorial mas voltei a centrar a minha atenção nas páginas e “escrevi” um pensamento que variava entre a concentração e a estranheza.
-Quero que brinques comigo. Exigiu
A arrogância com que se dirigiu a mim, fez-me pousar o livro e olhá-lo de frente. O sorriso tinha-se desvanecido e deu lugar a lábios cerrados. O seu olhar era ameaçador e psicopático. Perante a minha incredibilidade voltou a levantar-se, pegou na girafa e atirou-a contra o chão. Entre estilhaços coloridos conseguia sentir o seu sentimento de satisfação. Recolheu cada pedaço do brinquedo e enterrou a sua memória. Ocorreu-me pensar em esquizofrenia. Só podia ser. A mudança súbita de comportamento não podia ter outra explicação possível. Senti novo puxão na parte de trás da minha camisola. E olhei para trás….
-Eu não fiquei triste por não brincares comigo. Ouvi uma voz leve
Olhei para trás e vi outro miúdo igual ao que havia enterrado a girafa. Voltei a olhar para a frente e lá estava ele. Eram dois. Senti-me ridículo e ingénuo. Porque não tinha pensado nisso? Brincavam agora os dois em harmonia à minha frente. Estranhei a alteração de comportamento do miúdo que tinha sido desagradável alguns minutos antes. Reparei que a sepultura da girafa tinha desaparecido, e o brinquedo reapareceu ali inteiro como se tivesse sido reconstruído num espaço invisível. Brincaram horas e depois foram-me embora correndo pelo jardim fora, rumando ao sol posto como se fossem apenas um. Fez-se dia, e depois noite, num tempo limitado, num espaço complicado.
Texto: Carlos Rodrigues
Foto: Carlos Rodrigues
1 comentário:
LOOL conseguiste transformar a história dos irmãos gémeos que o Pedro desconhecia...
Fantastique =D
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