sábado, 22 de agosto de 2009

Gajas Nuas a Dançar o Tirolês

Peço desculpa pela minha ausência por estas terras, entretanto lavradas (e muito bem) pelo meu caro amigo Manuel Valente. Fica a promessa que em Setembro vou regressar em grande. Entretanto fiquem com a história completamente absurda de Bubakar. Comentem. Continuação de boa época balnear
Cuidado com a Gripe A e com a euforia benfiquista
Carlos, "Um cozido à portuguesa, a preço da China, no restaurante Indiano" (!!!) E depois fazemos o quê, jogamos uma sueca?



O Zapping de Bubakar


Bubakar sentia-se sozinho, situação drasticamente agravada quando a sua sombra lhe apontou uma pistola à cabeça, lhe roubou dinheiro para ir comprar droga e nunca mais voltou. Tentou denunciar a situação à policia, mas em troca apenas a resposta "sem sombra de dúvida". Olhou para o auscultador do telefone e depois marcou um número constituído por nove digitos. Três segundos depois um telemóvel vibrou em cima da pequena mesa de madeira polida bem no centro da sala. "Quem será?" perguntou-se Bubakar. Viu no monitor "Bubakar Casa" e atendeu "Alô?". Ninguém respondeu, Desligou e sentou-se no sofá a fazer Zapping. "Não está a dar nada de jeito", Bubakar queria ocupar o seu tempo com algo, mas o "Quê?", desesperou. Podia ir urinar mas não tinha vontade, ou comer mas nascera sem boca, ou ler mas nem o seu nome sabia escrever, ou jogar às cartas mas nem ao solitário o baralho queria jogar com ele, tentou tomar uma decisão, mas "O que é uma decisão?" perguntou-se. Correu para o quarto e pegou num dicionário, mas fechou-o antes de o abrir, Não sabia ler, esqueceu-se. A sua mente nunca se conseguia lembrar, esse era o truque para não esquecer. Então voltou para o sofá, fez zapping mais um pouco até que ficou vidrado num canal, Al Jazeera ou lá como "eles" lhe chamavam. Bubakar viu então as coisas mais incriveis, pessoas a voar, a dividirem-se em milhões de partículas, a assarem tipo "porco no espeto", havia até um que atirava aviões de papel contra construções Lego e soprava 2 dinamites enterrados num bolo de aniversário de seguida. Bubakar pagou 10 euros ao seu cérebro para que pudesse pensar por 5 minutos. Pensou "Eu...", e acabaram os créditos. Depois de gastar 3500 euros reformulou toda a ideia "Eu vou atirar-me pela janela". Depois gastou mais 1500 euros para conseguir tomar a decisão e correu para a janela. Mas a única janela da casa de Bubakar era apenas uma versão trial de 30 dias e a verdade é que expirara no dia anterior. Remexeu em todas as gavetas da sua casa à procura do crack da janela. E encontrou, Mas pelos vistos aquilo só funcionava com o Windows original. "Foda-se" exclamou.

(Não Sabia o que significava aquela palavra mas soava-lhe mesmo bem "Foda-se" repetia durante todo o dia, em casa, no trabalho, no supermercado, na igreja. Toda a gente o olhava quando o dizia, Bubakar nunca percebera ao certo porquê, mas desconfiava que era por falar sem boca, e atacava mais uma e outra vez com um orgulho desmesurado "Foda-se" e por vezes acrescentava com o mindinho, o indicador, o polegar bem esticados e o anelar e médio dobrados sobre a a palma da mão "Nigga". Na verdade Bubakar aprendeu todas essas expressões quando ouviu um homem cantar, um homem misterioso a quem chamavam 50 cêntimos.)

Mas voltemos então ao Drama que se viveu no apartamento de Bubakar...

Bubakar Parecia descontrolado. A hipótese de suicídio estava fora de questão. Foi fazer Zapping outra vez...Viu um pouco de "National Geografic" e Roeu o Sofá durante horas, depois "MTV" e imitou um tipo que parecia mais morto do que vivo no meio de duas dúzias de zombies, e por fim "Playboy TV". O coração de Bubakar teria parado de bater se alguma vez tivesse batido, de sentidos arreliados Bubakar levantou-se e procurou nas páginas amarelas informação sobre aqueles seres que ouviu alguém denominar de "Mulheres". Dois Nomes Chamaram-lhe a atenção por cima do seu indicador, pese embora Bubakar não soubesse ler dava um enorme valor à forma estética das palavras. "Maya Astrológa" e "Maya Modelo Profissional", Bubakar Tinha que fazer uma escolha e pela primeira vez o seu instinto percorreu-lhe as estradas dos intestinos e disse-lhe a "Maya Modelo Profissional" cheira-me a titulo de Photoshop. Depois foi à WC e cagou um pequeno JPEG. Inclinou-se sobre a Sanita e apanhou o retrato de uma mulher, onde se podia ler pelo espelho que estava atrás de Bubakar: "Maya". Bubakar segurou o retrato com bastante apreço, depois acariciou cada detalhe do rosto da mulher. Ouviu um som curto, bastante irritante e maquinal. A seguir alguém acrescentou num tom seco "Impossível guardar alterações ao layer 7"...E o nariz da mulher que Bubakar segurava entre os dedos distorceu-se. Bubakar assustou-se quase tanto como o susto se assustou ao vê-lo. Foi então que Bubakar se sentiu como o principezinho, sozinho no universo, numa galáxia habitada por seres inabitados de sentido. Bubakar quis que a sua história tivesse fim, mas o autor deste texto não lhe vai dar esse privilégio. BUBAKAR será um escravo da minha Obra HAHAHA (sorriso diabólico), Asshole (entre dentes)...


Texto: Carlos Rodrigues

sábado, 1 de agosto de 2009

Pensamentos Profundos à Superfície – parte II de uma trilogia de IV

Tenham, por obséquio, a bondade de fechar os olhos e imaginarem comigo… (para quem fechou realmente os olhos vai com certeza ser mais difícil imaginar coisa alguma, mas podem sempre pedir a alguém que leia em voz alta).

Peço-vos para se imaginarem na pele dos pobres “avatares” do jogo de computador “Second Life” que, para quem não sabe, é um jogo que simula a vida real e cada um dos jogadores é representado por um boneco virtual chamado “avatar”.

Pois bem, estou-vos a pedir para se colocarem por instantes na pele do boneco virtual e imaginarem esse mundo como sendo o mundo real com casas, empregos, famílias, lojas, destinos, farmácias, concertos, praias, etc… e pegando na parte dos destinos, imaginem a vossa vida controlada por um “nerd” qualquer sem vida social, seboso e adepto da famigerada comida rápida (ou “fast food”, para compreensão geral) que traça a vossa vida a seu belo prazer sem o vosso conhecimento. Imaginem que acordam um dia com um humor estranho e que entram numa escola pública e desatam aos tiros de caçadeira, ou que saem nus de casa e correm rua abaixo a exigir a libertação da libelinha afegã, sem nunca se aperceberem que estão simplesmente a ser alvo da frustração desse tal “nerd qualquer” pelo facto do seu hambúrguer, recentemente encomendado, servir de habitáculo a uma viscosa e suculenta minhoca, vingando-se em vós apenas como forma de descompressão de energias.

Para aqueles “chicos espertos” que decerto estarão a pensar: “Eu já tinha imaginado isto a acontecer” tenho pois outra proposta. Fechem os olhos e imaginem o deus do mundo virtual, o ser que nunca aparece mas que nós sabemos que está presente. Tenho para mim que esse deus é controlado pelo criador e programador do videojogo, sendo o seu filho herdeiro, o Jesus do jogo, que morreu, ao ser despedido da empresa e ressuscitou 3 dias depois devido à promoção de um novo vice-presidente. Imaginemos também os génios virtuais, como os Picassos e Pessoas e Da Vincis. Eram certamente controlados por “nerds hackers” que se socorriam de “cheats” ou programas maliciosos para se destacarem dos demais.

Musica de fundo em crescendo, ambiente dramático instalado, entra o genérico final e corta! Próxima cena...bem haja!

Texto: Manuel Valente