terça-feira, 26 de maio de 2009

O Vento e o Baloiço

Um baloiço desusado levitava
Com a toada serena do poema
Que o vento lhe contava…
Quem outrora ali se tinha sentado
Já o tinha esquecido
E o Pobre foi abandonado
Muitos anos se passaram,
Até que um dia reparou,
O ventou passou…
E sentiu um arrepio
“Que será isto?” pensou
E o vento assobiou
“Não trago estio”
“Quem és tu então?”
Perguntou enquanto baloiçava
“Não sou ilusão”
O vento soprava...
“Percorri Terras e Mares,
Mentiras é tudo o que oiço
Dizem que sou mau conselheiro
Prefiro empurrar um baloiço”


Texto: Carlos Rodrigues

MIlhões de Frames por Segundo

Segundos antes daquilo ter acontecido, eu tinha prometido a mim mesmo que aquilo não aconteceria porque sabia que se acontecesse me poderia acontecer algo que seria causa irreversível daquele acontecimento. Três acontecimentos semelhantes, para não dizer iguais, aconteceram três, Sete e Catorze semanas atrás, numa cronologia de acontecimentos que não foram mais de três: três, sete e catorze semanas anteriores. 21 Dias, 49 Dias e 98 Dias respectivos às gavetas temporais que gostamos de chamar de semanas. Ora se uma gaveta tem a papelada de sete dias, a gaveta do mês alberga quatro subcategorias que aclamamos de semanas. E a gaveta dos séculos alberga décadas, anos, meses enquanto se alberga nos milénios e por ai fora. Com tantas gavetas é normal o arquivo não apresentar melhor organização, pois bem se uma gaveta média de um mês tem 30 papéis, não tem lógica algumas gavetas apresentarem valores superiores ou inferiores, que tenham todas o mesmo. Por essa lógica a ultima vez que eu havia cometido tal crime fora há Três semanas, a penúltima há um mês e 19 dias e a primeira há 3 Meses e Oito Dias, Estes dados não são precisos, mas para isso teríamos que trabalhar com os minutos, segundos, milésimas, que são as porcas e os pequenos parafusos que se encontram em qualquer gaveta. Eu tinha nome, mas nunca o soube de cor, e apenas em raros momentos de memória suprema me reconhecia naquilo que me chamavam, Pelo sim, pelo não, respondia cada vez que ouvia um nome próprio. Depois do que aconteceu, não voltei a lembrar-me do nome, “Ainda bem” Pensei. Sendo assim não tive remorsos, não sabia a minha identidade, mesmo que me culpassem, sentia-me inocente, não perante o mundo, mas perante eu próprio. Mesmo sabendo que jurara que aquilo não aconteceria, ou melhor que não voltaria a acontecer, eu senti-me bem depois de fazer com que acontecesse, porque pela primeira vez desejei mesmo não saber o meu nome.
“…12, 13, 14, 15, 16…” Alguém interrompeu a minha contagem
“Que contas tu Sujeito, as Grades?”
“Não Sr. Policia, Conto os intervalos entre as grades” Respondi


Texto: Carlos Rodrigues

sábado, 16 de maio de 2009

Uma Opinião institiva, extremamente desconexa! Enjoy mes amis portugueses!

É um daqueles dias, em que não sabendo sobre aquilo que me apetece escrever, sei que me apetece escrever…Então sem mais demoras coloco phones nos ouvidos e oiço uma música bem calma de teclas de piano, como quase sempre faço quando escrevo. Não me peçam muito da escrita por hoje, porque apetece-me escrever sem ter de reflectir muito, em bom da verdade reconheço que estou mais atento à musica que oiço do que àquilo que escrevo. O que escreverei em cada palavra seguinte será o que me vem à cabeça em primeira instância. Só ter que corrigir os erros quando o Word os identifica já é uma seca valente. Como os computadores nos controlam, pffff (O pffff não tem erro, meu caro computador, eu quero mesmo escrever pffff, deixa-me em paz ou como soa sempre melhor dizer em língua enrolada “Leave me alone”). Os computadores ou pc´s, vou jogar pelo seguro e escrever “pc´s”, não vá o diabo tece-las e eu ter que me referir à palavra “Computador” mais á frente neste texto. Os computadores ou pc´s, como quiserem, são armas de arremesso informativo, mas mais que isso são sedativos para nos manter sob controlo. Há uns tempos pensava, agora repenso naquilo que o pc corrigiu por mim. Dejá vú, Clichê? Claro que sim, toda a gente sabe que sim, ninguém se preocupa muito, trata-se de um comodismo uniforme em qualquer ser da espécie humana. Falemos um pouco de linguagem universal, mas em escala menor …O acordo ortográfico. Será que o próximo Word o vai reconhecer como tal? É horrível pensar que sim, não é? Muito me importa e a muitos importa, mas que importa aqueles que nada mais fazem senão destruir uma cultura há uns bons séculos atrás. E é a essa linhagem de incompetentes que devemos agradecer aquilo que somos, porque não somos nada, Já tivemos o Mundo, agora não temos uma língua. Fuck Off para todos vós, “Fuck off” porque vou desistir de falar como brasileiros, os bravos, mas pobres servos coloniais. Portugal deixa de ser Portugal, Portugal é mais Brasil do que o Brasil é Portugal…Bem vou acabar o post porque tenho que ir ver a novela da Globo. Bem resta-me pensar que é a Microsoft que está por trás destas mudanças culturais, até deve lhes calhar bem…Um destes dias tiram-nos a cedilhas, depois arruínam-nos os travessões, os circunflexos, os graves, os agudos…E se isto parece música para os teus ouvidos, convém que saibas que estamos a falar de língua, é um facto. Mas é um fato de vestir, ou é um facto respeitante a verosímil? Bem, fica ao teu critério, pensa como quiseres e se te sentires confuso, olha paciência a nossa cultura é mesmo assim, uma miscelânea de ideias desconexas.



Texto: Carlos Rodrigues

quinta-feira, 14 de maio de 2009

X & Y


O sol dourava todo a planície. Eram milhões de palmos de terra que não deixavam a flora ondear. Uma árvore ancestral, um rochedo e um banco de jardim ladeado de um candeeiro de rua manchavam de cor a áurea natura.
Aurora e Antero, estavam sentados no banco de jardim, formavam um casal de adolescentes que pousavam apaixonados para a máquina fotográfica de Artur.
Artur era um fotógrafo cego, naquele instante segurava a sua máquina fotográfica enquanto se ajeitava sobre o rochedo para paronamizar o momento. Infelizmente acabou por se desequilibrar e caiu por detrás do rochedo, embatendo-lhe com enorme pujança. Levou as mãos à nuca sem esboçar qualquer queixa, ergueu-se novamente no rochedo e tirou a fotografia sem que Antero e Aurora tivessem tempo de reacção. O flash encandeou o sol, segundos depois Artur tombou para o lado e morreu…
Antero e Aurora Estavam sentados num banco de jardim ladeado por um candeeiro de rua num largo de uma velha vila. O velho segurava um retrato emoldurado com uma distinta e envernizada madeira, enquanto os dois observavam a imagem que sempre lhes trouxe algumas lágrimas. Aurora e Antero uniram os rostos e mais uma vez choraram juntos sempre com a mesma serenidade, aparentemente indiferente, mas carregada de desmesurado simbolismo intemporal. Duas meias lágrimas criaram uma lágrima que escorreu pelo ponto de união das duas faces e precipitou-se na direcção do chão.
A transparência da lágrima deu lugar a uma tela onde brincavam duas crianças num baloiço.
O momento desvaneceu-se quando a lágrima explodiu na calçada.
…O bombardeamento a Hiroshima e Nagazaki ocorreu no Japão no final da segunda grande guerra…
Antero abanou a cabeça e abriu bem os olhos.
-Achas que o nosso amor pode ser destrutivo? Interpelou Aurora
- De tão forte que é, acho que sim…
E olhou para o céu…
E o céu apareceu reflectido sobre um chão de vidro. Uma menina atentava ao chão. Tinha nascido com uma deficiência na retina que a incapacitava de olhar para cima. Vivia num palácio de cristal com telhas de barro. Via a chuva cair nas paredes do palácio, mas sempre se perguntara a si mesma “Donde vem a chuva?”. E um relâmpago caiu dos céus, iluminou o palácio de cristal e assustou a menina…
Artur vagueava dentro duma caixa de fósforos quando encontrou um enorme diamante. Perplexo de alegria tocou-o, sentiu cada um dos seus vértices e depois gargalhou como um demónio até desprender os maxilares.
Deu três passos atrás e fotografou o diamante. O flash da máquina fotográfica cegou-o por completo e ateou os fósforos. À s apalpadelas conseguiu escapar das labaredas e saiu da caixa de fósforos. Artur sentiu-se enlouquecer, de respiração apressada e ânsia assassina verteu água na caixa.
Chovia Impetuosamente. A menina estava agachada num canto da maior sala do palácio de cristal. Tremia de frio, a representação física do seu medo.
-Que arrepio – exclamou Aurora
- Se consegues ver o céu, não tens motivos para ter arrepios – Argumentou Antero
E Aurora olhou novamente para os céu…As nuvens levitavam de Oeste para Este…
-Que nuvens são estas que não se espelham na velha calçada? Apareceu no pensar da velha mulher.
-Gostava de ter sido fotógrafo – Disparou Antero
E o raciocínio sobre o céu desapareceu da mente da velha.
- Retratar cada momento e mantê-lo contigo para sempre…Congelar o tempo…
- Como lembraríamos o dia da planície se não tivesse sido retratado? Questionou Artur
- Eu adorava as cartas que tu me escrevias em papel desmazelado, apreciava cada elemento da tua caligrafia, os borrões de tinta por causa das tuas mão suadas, cada dobra daquele papel…Eu gostava do envelope como gostava das reticências que tanto insistias em usar na tua escrita. É mais fácil recordar cada palavra que escrevias do que o que dizes quando me telefonas. Não creio que o momento imortal precise de registo, desde que o guardes sempre na tua cabeça. E se não me lembrasse de tudo o que aconteceu na planície, imaginaria como foi…E ficaria tão feliz de qualquer maneira. Aurora respondeu não respondendo, mas cativou o velho mais uma vez.
De olhos arregalados Antero olhou Aurora, poisou o retrato e beijou a mulher como o tinha feito na primeira vez.
Continuava a chover copiosamente no exterior do palácio de Cristal. Sem saber porquê a menina ergueu-se, saiu para a rua e deitou-se na terra de cabeça para o ar. Encharcou-se num ápice, mas que importava…Ela estava a ver o Céu. Mais um relâmpago caiu mas desta vez ela não se assustou. O flash da máquina de Artur não incomodou a menina. Sorrateiramente, O fotógrafo chegara-se perto dela…Tinha esperado alguns anos para a ver no exterior. Naquele instante capturou o frame da sua vida. Levou as mãos aos olhos e depois deitou-se ao lado da menina. A chuva refrescou-lhe a mente e deu-lhe força para gritar bem alto “Voltei a ver”. E o palácio de Cristal caiu…



Continua...


Texto: Carlos Rodrigues

sábado, 2 de maio de 2009

O "Hoje" é igual a tantos "Ontens", e o "Amanhã" Vai ter muitos Dias assim

O sóis que fazem reluzir os telhados são de natureza vasta, tanto como os ventos que arrastam verdes, e num mundo imerso em cidades inumanas, Catapultas de atalhos de sentimentos imersos, políticas de palavras, Culturas sem conceito e hipocrísias divinas, há pedras que não sentindo, sentem tanto como alguns que pensam sentir. E ao fim de contas, aqueles que eu realmente admiro, queixam-se quando são atingidos por uma pedra e fazem a pedra chorar.

Para a Ema

Texto: Carlos Rodrigues