Uma casa pintada com cal branca, olhava através de janelas emolduradas em rodapés azuis, uma linha dourada de planícies. Lá bem adiante, meia dúzia de fardos de palha expostos ao sol e um caminho de onde alguém olhava a casa com a mão direita esticada por cima das sobrancelhas. Ali, dizia-se, vivia um poeta que fez da sua solidão, loucura. Numa noite de tempestade, o vento levou os manuscritos da sua essência, procurou nas estrelas, mas apenas encontrou o consolo de um verso desenhado pelo sorriso de uma criança, escavou a terra seca até que fosse barro conservado pelo suor do pastor, Voou nas asas duma folha de Outuno, até encontrar a chuva de Novembro, mergulhou numa fogueira de escuteiro e nadou num cardume de histórias; Aventuras temporárias representadas por palavras digitais, era assim que o poeta as descrevera, as sentira, na verdade. Estoico pensar que o fez hibernar num transe eterno. A tinta e o pergaminho ainda estavam em cima da escrivaninha quando o poeta se perdeu num caminho que atravessara cada lugar seu. Insano, cego e vazio, assim morreu o poeta.
Texto:Carlos Rodrigues
domingo, 13 de setembro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Lindo...
Enviar um comentário