domingo, 22 de junho de 2008

Jeito


São 02:22 da manhã e estava a preparar-me para dormir quando começo a descortinar em novas formas de tirar algumas fotografias. Hmmm fotografia! É um sonho, assim muito distante, que guardo de um dia poder ser foto jornalista. Não tenho uma grande máquina, nem tiro as melhores fotografias do mundo, não são perfeitas e nem super bem manipuladas, mas chega-me aquele bichinho, aquele vício de fotografar tudo o que se move e não só. Quando era mais nova pensava, “não tenho jeito para desenhar, não tenho jeito para cantar, não tenho jeito para o futebol, não tenho jeito para trabalhos manuais”. Agora posso dizer que, apesar de não ser muito, tenho jeito para fotografar. Aquele dom de guardar em papel aquilo que por vezes a memória não consegue reter.
Nem tudo sai como nós queremos, nem tão pouco vou ser uma grande fotógrafa, mas o facto de poder gravar segundo a segundo um acontecimento significante ou insignificante, faz-me sentir bem. Quando uma foto sai melhor do que todas as outras, contemplo-a vezes sem conta com aquele brilhozinho nos olhos e penso “fui eu”.
É arte, é vida, é paixão. Se pudesse gravava todos os segundos da minha vida com a minha máquina fotográfica. Até lá guardo todas as que tenho, nas paredes, nas mesas, nas molduras, nos quadros…
A fotografia faz parte de mim, é um bocadinho daquilo que sou.


“Não fazemos uma foto apenas com uma câmara, no acto de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos.” Ansel Adams


Foto: Cláudia Silva

Texto: Cláudia Silva

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Folhas Rasgadas


Dado um egoísmo instintivo de partilha de ideias resolvi cair numa introspecção de questões como: serei tamanho egoísta que temo as páginas em que escrevo? Mais que isso, poderão elas plagiar a minha mente? Mais ainda, será que elas me agradecem a dedicação de dias a fio, de toques suaves e tintas distintas de tinteiros de intuitos intelectuais? Ou serão as minhas páginas redes que tentam prender cada grão de areia, e desprendem-se tanto de mim como dos outros? Serão páginas em branco ou páginas quadriculadas de fracções de emoções manipuladas por matemáticos, esses egocêntricos exacerbados? Nasce em mim a doentia vontade de escrever nas palmas das minhas mãos, pelo menos o suor que apaga cada inscrição, é reflexo de uma alma evocada e vivida que se refresca do calor da vida.

Texto: Carlos Rodrigues